O memorável arranjador e compositor Claus Ogerman.
(29 de abril de 1930 – 8 de março de 2016)
Uma coisa que sempre tive fascínio foi com as orquestrações e arranjos.
As minhas primeiras audições, aconteceram na casa dos meus pais, com as coleções da Reader’s digest.
Papai comprava os LPs que continham uma variedade musical impressionante e dentre elas , as Operetas de George Gershwin,Stan Kenton, Henry Mancini, Duke Ellington, Paul Mauriat e também as grandes orquestras sinfônicas, tocando obras parapiano de Chopin e Rachmaninoff.
Quando comecei a ouvir e entender melhor a Bossa Nova, com o João Gilberto e Tom Jobim, percebi que ali, além da batida diferente e “suingada”, harmonias e melodias intrigantes como “Desafinado”, existia também uma magia orquestral que dava sentido à todo aquele evento musical.
Foi nesse momento que descobri Claus Ogerman. Um alemão porreta que começou trabalhar em 1963 com Antônio Carlos Jobim e teve uma contribuição imensa na grande obra do nosso Maestro.
Um orquestrador de cordas magistral e também escrevia para Flautas e Horns como ninguém.
Entre 1963 e 1980, Ogerman teve papel importantíssimo nos álbuns “The Composer of Desafinado Plays” (1963), “Wave” (1967), “Matita Perê” (1973), “Urubu” (1976) e “Terra Brasilis”(1980).
Com João Gilberto fez o álbum de cabeceira “Amoroso” ( 1977) e depois transformou os mesmos arranjos originais em um novo trabalho com Diana Krall, “Quiet Nights” ( 2009), produzido por Tommy LiPuma, um dos maiores produtores da indústria e que acabou de falecer, deixando um grande vazio, assim como George Martin e Phil Ramone.
Outro álbum antológico e que colocou Jobim de vez no mercado americano e mundial foi o “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”. Uma curiosidade,em 1968 Essa dupla foi indicada ao Grammy de “Álbum do Ano” mas perderam para o fantástico” Sgt. Pepper’s Hearts Club Band”, dos Beatles. Páreo duro.
Uma obra que me faz marejar os olhos é “Bill Evans Trio With Symphony Orquestra”, gravado em 1966. É de uma beleza. As minhas preferidas são “Time Remembered” do Evans e “Elegia” do Ogerman. Um destaque especial também para “Pavane” de Gabriel Fauré.
Eu recomendo uma audição do álbum “Symbiosis”, também com o Bill Evans. Intrigante, magistral. Produzido por Helen Keane. As introduções dos temas do álbum “Breezin” (Warner Bros. Records) tem a assinatura marcante do Ogerman. Um verdadeiro deleite. Também com a mão mágica de Tommy LiPuma.
O encontro desses gênios foi marcante e fundamental. Se respeitavam e se completavam. Jobim era apaixonado pelo Ogerman e sempre dizia isso, com muita gratidão.
Alguns meses atrás, estava eu dando uma olhada na página do meu amigo Al Schmitt, um dos maiores engenheiros de áudio da história e li em um post que ele sentia muita falta do Ogerman. Prontamente muitos amigos começaram a perguntar o que havia acontecido. Claus Ogerman tinha falecido já há uns seis meses na época e a família não comunicou a imprensa.
A notícia veio em primeira mão com este post (Al Schmitt) e eu fui um dos primeiros a fazer uma homenagem com o Álbum “The Claus Ogerman Orquestra – Time Passed.”
Ele morreu aos 86 anos e o seu legado fica no coração de milhões de apaixonados por toda obra que participou e conduziu. Um grande Mestre. Um Gênio.
Recomendo as audições dos links abaixo e espero vocês na próxima resenha. Obrigado amigos e até a próxima. Um grande abraço.