
Right está entre as melhores músicas de Bowie, mas se fizerem uma pesquisa com o público em geral, acredito que não ficaria nem entre as 10 +, Right é uma música lado B, uma joia entre dezenas de ótimas canções do Bowie, curiosamente nunca executada ao vivo. O que faz essa música especial?
Destaco os músicos, Carlos Alomar que foi a ponte que Bowie escolheu para se aproximar do circuito R&B, Luther Vandross que fez um ótimo trabalho na passagem intrincada do arranjo vocal, uma sucessão de perguntas e respostas, numa técnica musical conhecida como “call and response”, o baterista Andy Newmark , que tocou com Sly and The Family Stone e muitos outros figurões e que no 2º Chorus, mostra toda sua classe na virada sutil sobre a frase “Never been known to fail” e finalmente o talentoso saxofonista e requisitado “Side Man”, David Sanborn.

A música começa com Carlos Alomar executando nos primeiros seis compassos uma base simples de dois acordes, uma levada despretensiosa, relaxada, aparentemente descompromissada, logo em seguida, um solo curto, tocante e emotivo do saxofone, antecede a introdução do Bowie, que com uma voz grave e sensual, alternando um tom doce e sussurrante, revela um Bowie em ótima forma.
Young Americans é um disco influenciado pelo Soul, Funk e R&B (álbum gravado no estúdio *Sigma Sound na Philadelphia) e quando escuto o ** Clavinet, com aquele timbre característico lembrando Stevie Wonder, isso fica claro. Bowie então começa o que considero a passagem mais complicada tecnicamente da música, o fraseado com os competentes backing vocals , que juntos retomam a 1º estrofe, para em seguida entrar o solo de guitarra.

O solo é conciso e coube perfeitamente na estrutura da música, tanto nas frases utilizadas como na ambiência. Carlos Alomar costumava utilizar uma guitarra da marca Alembic ou headless steinberger e uma double guitar B.C Rich quando tocava com Bowie. Right é uma balada que está fora do universo dos não familiarizados com a obra completa do Bowie.
41 anos após o lançamento, não consigo deixar de associar essa música com a cena de um decadente night club, com poucos e antigos fregueses dando pequenos goles em seus drinks e rememorando seus dias de glória que não mais voltarão e num corredor vazio, uma Jukebox tocando:
“Taking it all the right way
Keeping it in the back
Taking it all the right way
Never no turning back…”
*Estudio de gravação na Pennsylvania conhecido por estar fortemente ligado ao “Philadelphia sound”, gênero de soul music influenciado pelo Funk
**instrumento de teclas eletro-acústico criado em 1950 por Ernst Zacharias, inventor e músico.
That’s Right